11 de junho de 2014

309 - RAPHAEL LOPES

309 por Raphael Lopes - SEMANA 02

Lindo compartilhamento do Raphael Lopes:
"É muito bonito ver o espírito de reverência e irreverência com a qual vocês gestam e nutrem as histórias pessoais de vocês com o Tribal.
Quero contribuir aqui, afirmando que esse espírito é justamente a "experiência do Numinoso", ou se preferirem, a experiência do Sagrado.

Sou bailarino de Odissi há dez anos, e dedico praticamente vinte anos da minha vida à dança e ao estudo da espiritualidade, e da Índia. E posso afirmar que visualmente falando, são poucas as influências da dança indiana no ATS e tribal. Muito embora boa parte do figurino evoque a imagem das mulheres Banjaras do Rajastão, e da dança Kalbelya; ainda assim a dança tem em sua linguagem uma leitura muito mais preponderante pras danças do Oriente Médio.
Porém, ali no comecinho da prática nos deparamos com o Puja, a saudação inicial. E é ai, que encontramos a reverencia ao Sagrado, e esse é sim o grande pilar que é a dança indiana dentro do ATS. Nas danças clássicas da Índia a saudação inicial na verdade se chama Pranam, que significa Saudação. É uma forma da bailarina saudar a Mãe Terra, os Deuses, seu Guru, e suas amigas de palco - ao mesmo tempo é um ritual que serve como um divisor do momento sagrado, e uma abertura dos Chakras da bailarina para captar e receber mais energia com a dança.

A palavra Puja significa "Ato Meritório", uma forma de oferenda e homenagem muito comuns na Índia onde o devoto expressa sua gratidão e amor por meio de uma oferenda. Talvez seja essa a idéia que a Carolena possa ter querido imprimir na sua dança em contraste ao Pranam original, ou ainda, possa ter sido o próprio Inconsciente Coletivo ou (se preferir) os Deuses e Deusas da dança que assim desejaram - tornar o ATS uma forma de Oferenda, e de trazer ao Ocidente a conexão perdida com os nossos Deuses por meio da arte!!!

Existem alguns elementos de dança indiana presentes sim (muito embora eles fossem mais claros nos anos 70 com o Bal Anat), mas o Pilar hindu no tribal é certamente o espírito alegre e respeitoso, a devoção entregue com o êxtase do corpo diluído em ritmo, e o reconhecimento que a melhor forma de Orar é Dançar."

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